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9/05/19 às 17h49 - Atualizado em 6/10/22 às 18h57

CED 01 do Itapoã promove debate sobre violência contra a mulher

Aldenora Moraes, Ascom/SEEDF

 

Perplexidade foi a palavra utilizada pela analista do Sebrae, Edleide Alves, para descrever o que sentiu ao saber que sua colega de trabalho havia sido assassinada pelo marido. “Ela tinha uma história pessoal de superação e incentivo ao empreendedorismo feminino. Sua morte me fez pensar sobre as pequenas violências que parecem rompantes momentâneos e que objetivam tolher o empoderamento feminino”, afirmou.

 

Grafiteira Raquel Bralo participa de ação no Itapoã que dá continuidade à Semana de Educação para a Vida. Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF

No ano passado, a analista Romilda Sousa, 40 anos, passou a integrar a triste estatística de feminicídio no DF e deixou dois filhos de 3 e 4 anos. Vinte e nove mulheres foram mortas em 2018. Nesta tarde, faleceu a 11a vítima, deste ano. Cácia Regina da Silva, 47 anos, não resistiu à infecção provocada por queimaduras. Ela teve 45% do corpo queimado com ácido pelo ex-marido.

 

Com o intuito de abordar esse tema, as escolas da Rede Distrital de Educação têm realizado diversas atividades na Semana de Educação para a Vida. Nesta manhã ( 9/5), uma das ações ocorreu no Centro Educacional 01 do Itapoã. Segundo a professora de Arte, Camila Modicoviski, “a questão da violência de gênero precisa ser debatida, porque é uma situação recorrente em nossa comunidade. Ter um espaço para discussão significa poder mostrar outras perspectivas”, explicou.

 

A afirmação da docente é reiterada pelos estudantes que participaram da mesa redonda. “O homem acha que é dono da mulher e por vê-la como objeto desenvolve um relacionamento abusivo. Isso não corresponde a nossa realidade, é totalmente ultrapassado”, revolta-se Guilherme Lopes, estudante do 3º ano.

 

“Penso que a educação possibilita uma mudança de mentalidade. Já houve casos na escola e é importante discutir para que não aconteçam outros”, defendeu Yasmin Fernandes, aluna do 1º ano.

Elas por elas

Para o coordenador da regional de ensino Paranoá/Itapoã, Isac Aguiar, a ação é relevante porque contempla um assunto que precisa ser discutido na comunidade. “Já tivemos casos, inclusive, de professoras vivenciando situações de violência. Creio que não se pode fugir do assunto, é preciso abordá-lo”, defendeu.

 

A mesa-redonda contou com a delegada da Polícia Civil Jane Klébia; com Juciara Rodrigues, da Subsecretaria de Apoio às Vítimas de Violência, da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus); com a editora de projetos especiais do Metrópoles, Érica Montenegro; e com Lurandir Oliveira, da Subsecretaria de Segurança Iinstitucional (Sejus).

 

A editora Érica Montenegro falou sobre a parceria do portal Metrópoles com a SEEDF. Ela ressaltou o trabalho relevante do veículo, que vem monitorando os casos de violência contra a mulher, além do feminicídio, por meio de reportagens especiais realizadas por equipes femininas. “Neste ano, 5.341 mulheres já foram às delegacias para registrar agressões que sofreram. Valores ligados ao machismo precisam ser mudados”, alertou.

 

Uma das ações da campanha Elas por Elas é promover intervenções artísticas no DF. No CED 01 do Itapoã, a artista plástica grafiteira Raquel Bralo liderou as estudantes. “Trabalhar com os adolescentes é essencial para que a violência não se perpetue e para evitar futuras mortes. Além do mural, vamos registrar frases em favor das mulheres”, afirmou.

“Ela Podia Estar Viva”

 

Ação no Itapoã contou com a participação da delegada da Polícia Civil Jane Klébia. Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF

A delegada Jane Klébia defendeu o fato de que é preciso criar condições para que as mulheres não se submetam a relacionamentos abusivos. Ex-aluna de escola pública, a delegada destacou o poder da denúncia, que pode salvar vidas. “A denúncia pode ser inclusive anônima, basta ligar para o 197. A mulher acolhida hoje, não será notícia amanhã”, orientou.

 

A parceria entre a SEEDF e a Sejus foi comemorada pela subsecretária Juciara Rodrigues por possibilitar o acesso à comunidade escolar e fortalecer o trabalho desenvolvido, além de promover uma intervenção precoce. A subsecretária emocionou a todos ao narrar o feminicídio de uma jovem com quem trabalhou e destacou o papel da empatia: “às vezes, é difícil, mas precisamos exercitar a empatia. Ela poderia estar viva”, lamentou.

É preciso não se calar

Responsável pela apresentação musical desta manhã, a rapper Débora Glamourosa, deu seu depoimento acerca da violência enfrentada no próprio lar. “Fui agredida, sofri violência doméstica e não denunciava porque tinha muito medo, mas é preciso não se calar”, enfatizou.

 

Ex-aluna da SEEDF, a cantora tem três filhos, separou-se, conseguiu se reerguer e trabalha como produtora cultural da Secretaria de Cultura. Também participa do Coletivo Cultural Sol Nascente Trecho 03 e sonha em cursar engenharia civil ou gestão pública. “Quando a mulher busca a ajuda de outras pessoas, ela se fortalece e é capaz de romper o ciclo da violência”, salientou.

 

Segundo Janaína Andréa Almeida, chefe da Assessoria Especial do Gabinete da SEEDF, as atividades da Semana de educação para a vida superaram as expectativas. “O que se espera, agora, é que cada participante seja um multiplicador e que tenha formação suficiente para lutar pelos seus direitos e criar uma rede de proteção às mulheres que sofrem violência”. Para a secretária-executiva, a parceria com outras secretarias contribuiu para o êxito do projeto. “Embora as ações continuem, o objetivo da Semana de Educação para a Vida já foi alcançado”, avaliou.

 

Semana de Educação para a Vida- Itapoã

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