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31/01/23 às 12h41 - Atualizado em 31/01/23 às 16h12

Ex-aluna da rede pública recebe prêmio nacional por projeto cultural

Gabriely concluiu o Ensino Médio no Elefante Branco em 2022

Ícaro Henrique, Ascom/SEEDF

 

O protagonismo feminino em projetos de iniciação científica e o potencial de mulheres estudantes, cujas pesquisas demonstram criatividade e dialogam com a ciência do futuro, foram premiados nacionalmente. No Distrito Federal, o trabalho da estudante Gabriely Santos Souza, 18 anos, ex-aluna do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb), chamou a atenção dos jurados. As dramaturgias sobre questões étnico-raciais e ciência ganharam prestígio pela criatividade e a aluna foi uma das vencedoras da 4º edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, que premiou estudantes do Ensino Médio e da Graduação de todo Brasil.

 

Gabriely ganhou o prêmio por sua dedicação à produção cultural ao desenvolver o projeto Biodiversidade, Ciência e Juventude: Negritude, Política e Protagonismo Juvenil, que encenou duas peças teatrais autorais da estudante: No Mundo da Lua – peça infantil sobre biodiversidade e ciência e Ato de Resistência – encenação sobre questões étnico-raciais, escravidão e racismo. Cheia de criatividade, ela tratou de assuntos de cunho científico por meio da arte.

 

A ideia surgiu das aulas de teatro na escola com auxílio do professor de Artes Cênicas, Marcello D’Lucas, da equipe de alunos da Cia de Teatro Elefante Branco e do professor de Física, Israel Marinho. “Por meio de pesquisas e muito estudo nasceu o “Ato de Resistência”, que traz consigo teor político forte sobre questões étnico-raciais, escravidão, passado e figuras históricas”, conta a aluna. “A segunda dramaturgia, No Mundo da Lua, é uma peça infantil sobre biodiversidade, que aborda a ciência e as diversas profissões do futuro e do ramo científico e tem, como protagonista, um físico negro”, acrescenta.

 

Sobre a importância do prêmio, o professor Marcello D’Lucas explica que não há muito material nestas áreas no teatro brasileiro voltados para a infância e a adolescência. “Não se discute muito certas temáticas no campo artístico brasileiro, além de que o foco, no caso de Mundo da Lua, era jogar luz a área científica por meio do teatro e, no caso de Ato de Resistência, o foco era descentralizar a luta antirracista do mês da consciência negra, em novembro.”

 

Gabriely (centro) e os colegas da Cia de Teatro Elefante Branco encenam a peça No Mundo da Lua. Foto: Divulgação

 

A estudante viaja para a capital paulista no próximo dia 10 de fevereiro, para receber o prêmio (troféu e certificado), dado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ela foi uma das escolhidas entre as 446 candidatas, sendo 126 indicadas para a categoria Ensino Médio e 320 para a Graduação, de 223 instituições de todas as regiões do país.

 

Uma comissão julgadora escolheu nove vencedoras, sendo três do Ensino Médio e seis da Graduação. Também foram concedidas nove menções honrosas, sendo três do Ensino Médio e seis da Graduação.

 

Para Gabriely, o reconhecimento se justifica não só pelas temáticas fortes, mas também pela forma como elas estão sendo mostradas, por meio da arte. “As crianças não gostam muito de sentar e estudar termos científicos, mas ficam sentadas e interessadas assistindo uma peça de teatro. Então, descobri que um dos grandes poderes da arte é levar conhecimento para as pessoas de uma forma leve e dinâmica”, explica a estudante recentemente aprovada no vestibular da Universidade de Brasília para cursar Artes Cênicas.

 

De acordo com o professor de Artes Cênicas e também o responsável por inscrever o projeto de Gabriely no prêmio, Marcello D’Lucas a premiação é fruto do reconhecimento à dedicação e investimento de tempo e energia na cultura, na arte e na busca por uma educação básica contextualizada.

 

Grupo encena a peça Ato de Resistência em 2022, que integra o projeto premiado. Foto: Divulgação

 

Eu tive a ideia de inscrevê-la quando vi a descrição da premiação: meninas estudantes de ensino médio que tenham colaborado com a produção científica no ambiente escolar. E a Gabriely teve desempenho notável na escola, se destacando na área de escrita de teatro, tendo uma de suas peças selecionada para dois eventos científicos de grande porte do DF, representando o Cemeb”, explica o professor.

 

Marcello é também responsável pela criação da Cia de Teatro Elefante Branco, que funciona desde 2018 e atualmente conta em média com 50 estudantes por ano, das três séries do ensino médio. Os alunos são envolvidos diretamente com a criação dos projetos em teatro, cinema, dança e artes visuais.

 

A cada ano eu inscrevo os projetos do teatro do Cemeb nas mais variadas iniciativas existentes no DF e no Brasil, mas nosso trabalho não é voltado para os prêmios, eles são consequência dos resultados alcançados. Temos outros prêmios já conquistados de 2018 pra cá e tivemos a cada ano pelo menos uma indicação ou vitória em premiação distrital ou nacional”, conta Marcello.

 

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A cerimônia de premiação será realizada no dia 10 de fevereiro, no Auditório do CEUMA (Rua Maria Antonia, 294 – 3º andar – São Paulo/SP), com transmissão pelo canal da SBPC no YouTube, às 15h. A data do evento foi escolhida em celebração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Unesco.

 

 

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