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31/07/19 às 14h49 - Atualizado em 6/10/22 às 18h57

Educação nas prisões é diferencial do CED 01 de Brasília

Aldenora Moraes, Ascom/SEEDF

 

Para explicar o tema, unidade elabora revista Liberdade de Pensamento

 

Professor Gilvan de Pádua, idealizador da publicação: “A revista é fruto de um trabalho conjunto que tem o objetivo de deixar um legado”. Foto: Luis Tavares/Ascom/SEEDF

Há 22 anos, o professor Timotheo Porto coleciona histórias bem-sucedidas sobre educação nas prisões. Ele é um dos professores do time que ministra aulas no sistema prisional. Por muitos anos foram conhecidos como os “professores da Papuda” e eram cedidos para a Fundação de Apoio ao Trabalhador Preso (Funap), por meio de um Termo de Cooperação Mútua.

 

A partir de 2016, a Rede Pública de Ensino do Distrito Federal passou a ofertar a educação prisional em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP). As mudanças possibilitaram não só a ampliação da oferta de escolarização, como a criação do Centro Educacional 01 de Brasília (CED 01), espaço concebido para possibilitar avanços pedagógicos e administrativos.

 

A política pública responsável por oferecer educação para jovens, adultos e idosos em ambientes de privação de liberdade é embasada na promoção dos direitos humanos e da cidadania. As aulas são ministradas quatro dias por semana e um dia é reservado para a visitação dos familiares ao sistema prisional. O CED 01 de Brasília atende cerca de 1,5 mil reeducandos nos estabelecimentos penais do DF.

 

A paixão e o compromisso com esse segmento é o elemento-chave para que haja êxito em sala de aula. Para o professor Timotheo, os benefícios resultantes da educação prisional são inúmeros, mas há dois que se destacam: “a ressocialização, que permite ao estudante sair com outras perspectivas, e a mudança no comportamento, que contribui para apaziguar o próprio sistema”, explica o professor.

REVISTA LIBERDADE DE PENSAMENTO

A revista Liberdade de Pensamento é elaborada para abordar a educação nas prisões e impactar positivamente o ensino. Para a vice-diretora do CED 01 de Brasília, Elisângela Caldas, o lançamento da Liberdade de Pensamento tem o intuito de divulgar o trabalho realizado no sistema prisional do DF pelos professores da SEEDF. “São diversos projetos que visam à ressocialização por meio de trabalhos artísticos e culturais que suscitam a reflexão”, vibra.

 

A importância da revista também foi ressaltada pelo diretor do CED 01 de Brasília, Wagdo Martins, e pelo idealizador da publicação, o professor Gilvan de Pádua que, desde 2005, trabalha com educação nas prisões. “Há pouca produção sobre o tema. A publicação é fruto de um trabalho conjunto que tem o objetivo de deixar um legado”, afirma Gilvan.

 

A publicação conta com entrevistas, artigos, textos e trabalhos artísticos produzidos pelos professores e pelos reeducandos. Segundo a vice-diretora do CED 01, “o mais bonito e o que há de mais significativo é o que ocorre na vida das pessoas, que demonstra como a educação é importante para mudar vidas, fruto do fazer diário desses profissionais que atuam no sistema prisional”, conclui Elisângela.

PRISÃO NÃO SÃO GRADES E LIBERDADE NÃO É RUA

Cerimônia de Lançamento da revista Liberdade de Pensamento, que aborda a educação nas prisões. Foto: Luis Tavares/Ascom/SEEDF

A professora de geografia e história, Kátia Garcia, atua há 14 anos no sistema prisional e revela que um dos maiores desafios é fazer com que o reeducando esteja preparado para a realidade que vai enfrentar ao sair do sistema, principalmente quanto à mídia que divulga de maneira negativa esse retorno, ainda que temporário. “Um dos pânicos da população é quando há o ‘saidão’. A educação possibilita a preparação desse estudante para o retorno à sociedade. Muitos deles afirmam ‘Eu fui, mas voltei’. A mídia, infelizmente, utiliza como um termômetro, destacando o aumento da violência”, lamenta Kátia.

 

O presidente da Associação dos Magistrados do DF e Territórios (Amagis), juiz Fábio Esteves, parabenizou a parceria com a rede, lembrando o curso de formação oferecido nos dias 12 e 13 de junho, e destacou o apoio ao lançamento da revista. “Faz parte de um processo de educação em direitos, importante para um contexto que é a educação prisional e que proporciona a dignidade da pessoa humana. Os textos são atemporais e uma forma de dizer não ao retrocesso”, salientou.

 

O deputado distrital Leandro Grass narrou a experiência de um egresso que frequentou a sala de aula no sistema prisional e hoje, estuda Sociologia em uma faculdade. “A educação é a principal ferramenta de ressocialização. Quase 70% dos presos brasileiros não possuem ensino fundamental completo, segundo dados do Ministério da Justiça. A educação quebra as causas da reincidência, não só pela formação em si, mas pela abertura de um mundo novo que proporciona o desenvolvimento do papel social do próprio sistema prisional”, explica.

 

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