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24/07/19 às 14h45 - Atualizado em 6/10/22 às 18h57

Professoras celebram a alegria da adoção

Aldenora Moraes, Ascom/SEEDF


Somente em junho, cerca de 120 crianças esperavam por adoção no DF

 

“Valeu a pena lutar por ela”, enfatiza Beatriz sobre a adoção da filha. Foto: André Borges, Agência Brasília

Durante as férias escolares da rede pública de ensino do DF, é possível reconhecer a alegria da professora Isabel* em meio às descobertas da maternidade com a pequena Júlia*. A rotina da professora de Taguatinga mudou completamente com a adoção da filha. “Sempre acalentei o sonho de ser mãe, olhava as crianças na escola e desejava ter um filho, mas não conseguia engravidar. A Júlia é hoje a razão da minha vida e mudou tudo para melhor”, emociona-se.

 

Quanto às dificuldades que enfrentou, Isabel não reclama. “Foram temores de mãe de primeira viagem, mesmo. Mas pude aproveitar o período de licença concedido pela Secretaria de Educação e aprender aos poucos. No fim deu tudo certo. Meus alunos, inicialmente, não entendiam as fotos que eu postava com ela, vi nisso uma oportunidade para abordar o tema em sala de aula e desmistificar a adoção”, comemora Isabel.

 

Segundo Janaína Almeida, chefe da Assessoria Especial do Gabinete da SEEDF, a Rede Distrital de Educação conta com 74% de mulheres. “Temos uma demanda grande de mães que optam pela adoção. Por isso, desde 2016, houve um ajuste na periodicidade das licenças o que é relevante porque proporciona a construção de vínculos que extrapolam a relação intrauterina. Temos orgulho em cumprir à risca a legislação”, assevera Janaína.

 

A produtora de eventos pedagógicos Beatriz* é enfática ao resumir o processo de adoção pelo qual passou para obter a guarda definitiva da filha: “Valeu a pena lutar por ela”, constata. No entanto, também se sentiu insegura como Isabel. A produtora conheceu a filha com quatro meses. Hoje a menina é uma adolescente de 13 anos. “É muito gratificante, mas são muitos sentimentos envolvidos. Eu tinha medo de que ela retornasse à família biológica, tinha medo de como ela receberia a notícia de que era filha do coração”, explica.

 

Os temores de Beatriz não se concretizaram, mesmo assim, a jornada não foi fácil. “Hoje reconheço que eram desafios inerentes à maternidade. Além disso, desde que decidi adotar tive o acompanhamento da Vara da Infância e da Juventude (VIJ), participei de palestras, formações, até mesmo quando contei a ela que era adotada, tive a orientação de um psicólogo”, elogia.

PARENTALIDADE SAUDÁVEL

“A criança e o adolescente têm o direito à convivência com uma família que apresente capacidade para o exercício de uma parentalidade saudável”, enfatiza Carlos Bohm, analista judiciário da VIJ. Foto: Luis Tavares, Ascom/SEEDF

Para Carlos Bohm, analista judiciário da VIJ, é fundamental o trabalho em parceria com as famílias. “Temos as etapas de habilitação para adoção e de acompanhamento de estágio de convivência com programas desenvolvidos por uma equipe técnica da Vara que visa acompanhar todo o processo de adoção. A criança e o adolescente têm o direito à convivência com uma família que apresente capacidade para o exercício de uma parentalidade saudável. O Programa de Preparação tem a finalidade tanto de selecionar quanto de preparar – não se restringindo a um ou outro. No final o que temos é um cadastro com famílias habilitadas para serem consultadas para uma possível adoção”, enfatiza.

 

As crianças e os adolescentes cadastrados para adoção são encaminhados às entidades de acolhimento por terem vivenciado alguma situação de violação de direitos. Mas nem todos nessas entidades serão cadastrados. “É feito um trabalho de reintegração familiar para restaurar o vínculo e a adoção é, na verdade, uma medida excepcional. O cadastro é fundamental para coibir adoções irregulares e possibilitar uma segurança jurídica e psicossocial a fim de proteger a criança e o adolescente”, alerta o analista.

 

No DF, em junho deste ano, segundo a Vara da Infância e da Juventude, 545 famílias estavam habilitadas para adotar e, aproximadamente, 120 crianças e adolescentes estavam cadastrados e prontos para adoção.

 

O maior temor do casal Ana* e Jorge* quando adotaram Paula*, que não era recém-nascida, era como a família receberia a nova integrante. “Preocupava-me com as avós, os primos, mas eles a adotaram também. Ela é muito amada por todos. Sei que muitos pais não têm interesse em adotar uma criança mais velha, mas sou a maior prova de que devemos ser corajosos. Nunca nos arrependemos de ter adotado a Paula. Inclusive, servimos de exemplo a outros parentes, que também adotaram”, finaliza Ana, que é professora da rede pública.

 

*Os nomes foram trocados para resguardar a identidade das entrevistadas.

 

Confira o passo a passo para a inscrição ou habilitação para adoção

 

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