Profissão é essencial para promoção de saúde e práticas desportivas na rotina dos estudantes
Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Igor Silveira
Nesta sexta-feira (1º), é celebrado o Dia do Profissional de Educação Física. A profissão foi regulamentada há 25 anos, por meio da lei federal nº 9.696/1998, e tem como foco promover a saúde e aumentar a qualidade de vida da população. O Distrito Federal reúne mais de 19 mil profissionais do ramo. Desse total, pelo menos 14 mil se encontram na ativa, distribuídos em estabelecimentos públicos e particulares.
Trabalho dos profissionais de educação física ajuda na manutenção da saúde física e psíquica das pessoas | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília
Os profissionais estão presentes em academias, em dinâmicas laborais e também em salas de aula. A rede de ensino pública do DF conta com 1.914 professores de educação física. “Atuamos em todas as fases na vida de um indivíduo: desde a gestação até a terceira idade. A profissão é essencial para a manutenção da saúde, porque manter um corpo ativo é manter um corpo mais saudável, não só fisicamente, mas também psiquicamente”, avalia a presidente do Conselho Regional de Educação Física da 7ª Região (CREF7/DF), Nicole Azevedo.
O secretário de Esporte e Lazer, Julio Cesar Ribeiro, afirma que o Governo do Distrito Federal (GDF) tem dedicado esforços significativos a incentivar e valorizar o trabalho dos profissionais de educação física. “Dentre as principais iniciativas, destaca-se o trabalho de qualidade que vem sendo desenvolvido nos espaços esportivos, como os centros olímpicos e paralímpicos, a Escola de Esporte, e na própria rede pública de ensino. Sem dúvida, esses profissionais também têm desempenhado um papel fundamental na identificação e desenvolvimento de jovens talentos esportivos”, avalia. “A atuação desses profissionais vai muito além da esfera esportiva, alcançando a esfera da saúde pública e da promoção do bem-estar, desempenhando um papel importante na construção de uma sociedade mais saudável e consciente.”
O professor de educação física Claudio Henrique Carvalho, 49 anos, começou a trabalhar na rede pública de ensino em 1994, em contratos temporários. Cinco anos depois, entrou como efetivo e, desde então, não parou de formar esportistas. Atualmente, ele está à frente do Centro de Iniciação Desportiva (CID) de Samambaia Sul, com sede no Caic Ayrton Senna, e leciona para mais de 100 alunos.
Antes de entrar em quadra como docente, ele foi aluno de um CID e fez sucesso como atleta – ganhou o campeonato universitário duas vezes, entre outras competições. Mas, diante de lesões corporais, decidiu tornar-se treinador. “Vi como uma forma de continuar contribuindo com o esporte. Me sinto realizado, hoje trabalho com o que eu gosto, com o esporte que eu amo. A educação física me deu tudo”, conta.
Os profissionais estão presentes em academias, em dinâmicas laborais e também em salas de aula
Neste ano, o time de atletas com menos de 16 anos conduzido por Cláudio conquistou o primeiro lugar no Campeonato Brasiliense de Handebol 2023. Por conta disso, ele foi convidado pela Federação de Handebol do DF a assumir a seleção brasiliense de cadete masculino, equipe que participou do Campeonato Brasileiro de Seleções em Campo Bom (RS) em agosto. Para ele, a trajetória só foi possível graças à educação física. “O esporte ensina a ter disciplina, a socializar, mostra que a vida é feita de vitórias e derrotas. Se eu estudei e hoje sou professor, foi tudo por meio do esporte e da escola”, ressalta.
O CID é um projeto que trabalha com crianças da rede pública, com o objetivo de inseri-las nos esportes, não só como uma forma lazer, mas oferecendo uma oportunidade de carreira profissional. Os polos do projeto estão localizados nas 14 coordenações regionais de ensino, e as inscrições são feitas diretamente com os professores.
Outro grande nome da docência na educação física na capital federal é Valdeci Morais Santos, 55 anos, responsável pelo CID de Ceilândia. Ele, que já foi aluno do programa, ensina a prática desportiva para mais de 100 jovens com idade entre 10 e 18 anos. As aulas ocorrem às segundas, quartas e sextas, das 8h às 11h e das 14h às 18h. Para participar, basta ser estudante da rede pública e comparecer ao Ginásio da Guariroba, próximo à estação de metrô de mesmo nome, com as roupas adequadas nos horários de aula. As atividades também ocorrem no Centro Educacional 6 de Ceilândia e na quadra da QNP 14.
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“Participei do projeto CID como aluno e, quando terminei o ensino médio, pensei que deveria fazer o curso de educação física”, relembra Valdeci. “O esporte, além de socializar, direciona os meninos para uma profissão. O profissional de educação física é essencial para a formação dos jovens. Temos um papel de disciplina, influência, cobrança… Nossa função realmente é de transformação.”
Inspirado em Valdeci, o estudante de educação física Warley de Souza Soares, 24 anos, já se imagina trabalhando em quadras poliesportivas. Ele foi aluno do CID de handebol de Ceilândia dos 8 aos 17 anos e, por meio do esporte, conseguiu uma bolsa integral em uma faculdade particular. “Toda a minha educação acadêmica, foi o handebol que meu deu. Minha primeira viagem à praia, também”, conta.
Warley participou de competições regionais e estaduais, sempre com o apoio de Valdeci. Atualmente, ele acompanha as aulas do professor como voluntário, com o intuito de somar experiência no currículo e aprender, cada vez mais, a lecionar para crianças e adolescentes. “Para mim vale muito a pena, porque estou trabalhando com um professor que é referência nacional, do Centro-Oeste principalmente, e por estar com os meninos, porque um dia eu fui um deles, um menino aprendendo a jogar handebol”, ressalta.
Um desses meninos é o estudante Gabriel Rodrigues Soares, 17 anos. Estudante do CED 6 de Ceilândia, ele pratica o esporte desde os 8. “Depois que comecei, não parei mais. O que me prende é a vontade de ficar melhor e o professor, que é como um segundo pai para mim. Se a gente for mal na escola, ele até chama a atenção”, brinca. Agora, Gabriel se prepara para participar dos Jogos da Juventude 2023, na função de goleiro. A expectativa é voltar para casa com o troféu de primeiro lugar.